A Vinta nasceu como uma empresa presencial. Tínhamos uma estrutura pensada para maximizar a interação entre todas as pessoas, num ambiente projetado para conforto, concentração e trocas riquíssimas: uma mistura de profissionalismo e coleguismo.

A área comum era a parte mais ocupada do escritório. Era tanto a entrada da empresa quanto seu ponto de encontro, e todo mundo ia pra lá relaxar, trocar ideia, tomar café ou até mesmo uma cervejinha.

Não é de se estranhar que março de 2020 tenha dado um susto em todo mundo. A crise sanitária era inimaginável. A pandemia, as necessárias intervenções de lockdown e o isolamento social foram grandes rompimentos. Boa parte de como trabalhávamos contava com comunicação frequente e síncrona. O que aconteceria com nossos times quando ficassem longe? Quantas conferências faríamos por dia para resolver nossos problemas? Como manteríamos o time se sentindo um time?

Nossas formas de interação precisavam mudar. A Vinta não nasceu uma empresa remota, mas tornou-se uma empresa 100% remota. Quero te mostrar porque hoje preferimos (e muito) assim.

O que mudamos?

Com receio dos impactos que a modalidade de trabalho 100% remoto teria sobre todas as pessoas da Vinta e experiência de trabalho, nos voltamos para os nossos valores: pessoas incríveis fazem produtos incríveis. Em quase dez anos de empresa, todas as melhorias implementadas foram pessoas quem fizeram. Por causa delas, sabíamos por onde nossos próximos passos precisavam ir: continuar agindo para habilitá-las.

Sempre fomos muito críticos com as formas que usamos o tempo das pessoas na empresa e como ele pode ser produtivo, eficiente e leve. O poder de uma atividade clara, concisa, com definições de sucesso e formato de entrega bem definido, sempre esteve claro para nós. Agora, precisávamos atualizar as formas de assegurar isso também num ambiente remoto, e isso significou aprimorar a forma que costumávamos definir problemas.

Não basta ser remoto, precisa ser assíncrono

Então entendemos que não basta sermos 100% remotos - precisamos de um modelo que favoreça a comunicação assíncrona primeiro, para que todas as pessoas possam achar a organização de tarefas e fluxo que faça sentido para elas. Isso significa que a moeda vigente entre as pessoas da empresa não se pauta em cerimônias, encontros cíclicos, mas em visibilidade. Tudo o que precisa ser feito precisa estar visível, tanto em sua razão como em seu estágio de execução, suas consequências, e seu impacto.

Quando as atividades não são bem definidas, encontros síncronos tendem a funcionar meio como “tapa-buracos” para resolver disparidades de conhecimento e expectativas. A disponibilidade presencial de suas colegas de time pode fazer com que se naturalize “syncs rápidos” de uma forma perigosa. Quando reuniões se empilham as horas de conversa, troca de contexto e cansaço de exposição não permitem foco profundo e nem trazem a sensação de “fiz algo que valeu a pena hoje”. Além disso, um dia repleto de reuniões pode ser um forte sinal que existe algo de errado com o fluxo de trabalho enquanto pessoa desenvolvedora ou designer.

Documentamos - e muito

Para aprimorarmos nossas formas de contribuição, trouxemos a maioria dos nossos debates e cooperação exploratória para documentos. Nesses documentos, os aprendizados de pessoas ficam registrados transparentemente, facilitando todas as pessoas a aprenderem com as outras. Isso deixa o conhecimento muito mais democrático e menos concentrado em silos, como conhecimento realmente deve ser.

Esse é outro benefício do nosso foco em assincronismo: reduzimos consideravelmente a necessidade de 1:1s para que o trabalho das pessoas seja desbloqueado. Ao documentarmos o estado da arte dos nossos objetivos e conhecimento, qualquer pessoa a qualquer momento poderá agir para construir essa visão.

Além disso, com documentos, qualquer pessoa poderá a qualquer momento que precisar entender como solicitar um benefício, como comunicar ao cliente um problema específico, como decidir se é a hora de fazer um post-mortem ou quais são as melhores práticas de ágeis para o seu contexto.

Acreditamos num fluxo de trabalho minimamente burocrático, que potencializa a produtividade e não que a bloqueia. Pair programming/designing, 1:1s e encontros exploratórios são muito produtivos e aproximam pessoas. Mas acreditamos que reuniões precisam ser tão focadas quanto possível, e tão assertivas quanto necessárias.

Vemos como função da liderança ser um desburocratizador do trabalho e da inovação, e não um agente de microgerenciamento e bloqueio — essas são algumas razões pelas quais nos livramos das dailies e temos no-meeting days em todos os projetos. Não há motivos para a liderança checar tudo o que é feito diariamente, nem para as pessoas fazerem um relato diário do que é realizado: pessoas se comunicarão quando precisarem, e se desbloquearão quando necessário. Isso nos deixa mais eficientes, por podermos focar no que importa: ter produtos de valor, que orgulham as pessoas dos seus esforços.

Horas de descanso são sagradas

Esse foco só é habilitado de forma sustentável e duradoura através um balanço entre horas de trabalho e descanso saudáveis às pessoas. A mudança para um regime 100% remoto oportuniza uma vida que reconhece e respeita o lugar do trabalho na rotina, mas não é guiado estritamente pelo 08 às 18.

Então, damos mais liberdade para as pessoas da Vinta sobre como elas poderiam construir uma rotina de trabalho que fizesse sentido para elas. Isso inclui horas de trabalho flexíveis, escolha de local de trabalho, e apoio mensal para manterem sua infraestrutura de trabalho remoto.

Não depender de sincronismo enriquece a qualidade de tudo que fazemos. Em nossa experiência, a maioria das pessoas que trabalham na Vinta estão em casa, e dividem o teto com outras. Trabalhamos exatamente para podermos facilitar a vida que temos com elas. O modelo 100% remoto favorece melhor equilíbrio de horas para as pessoas, dando mais tempo para apreciar as partes da vida que não são trabalho:

• Um café da manhã sem correria;
• Exercício numa hora mais natural para você;
• Passar no mercado no meio da manhã para reabastecer a geladeira;
• Uma soneca na hora do almoço;
• Dar uma volta com teu cachorro com o sol se pondo, e trazer pão quentinho para casa;
• Sair um pouco mais cedo para começar a viagem do fim-de-semana.

Claro, existem cerimônias de time e projeto que a presença de todas as pessoas é necessária. Mas qual o motivo para burocratizar entradas e saídas? Jornadas de trabalho com horas fixas não garantem produtividade nem satisfação. Não existe valor num regime remoto que toma inspiração em cerimônias, lógica de trabalho e gerência do modelo presencial de trabalho. Estimulamos que todas as pessoas achem sua rotina de trabalho que funcione, e que as façam públicas no seu calendário - isso basta para que seu time saiba a melhor hora para te procurar.

Fortalecemos ainda mais nossas políticas de respeito às horas de descanso das pessoas da empresa. Removemos todas as ferramentas de trabalho síncrono do celular das pessoas e enviamos um computador exclusivo para trabalho para facilitar que consigam deixar as horas de trabalho no trabalho, e possam focar na sua vida pessoal com qualidade e tranquilidade.

Além disso: se faz sentido para as pessoas, porque não trabalhar na casa de praia? Qualquer lugar silencioso, confortável, e com internet estável será suficiente para o trabalho.

E é possível fazer isso com tudo com integração entre as pessoas. A liberdade de trabalhar sincronamente com seus colegas em um ambiente virtual estimula a colaboração e aproxima as pessoas. Um time forte é um time que colabora, aprende, e cresce junto.

Com o regime 100% remoto, o escritório da Vinta é hoje acessível de qualquer lugar através de uma ferramenta de interação imersiva e integrativa. Adoramos a riqueza de possibilidades que a ferramenta traz, com muita visibilidade das interações e facilidade de socialização para todas as pessoas. Em diversas localidades do Brasil, elas se conectam em nosso escritório virtual e as possibilidades de interação são muitas: ver pessoas na mesa do seu time programando, andar pelos corredores da empresa e encontrar colegas socializando, chamar colegas de outro time para ir tomar um café e jogar conversa fora. É tão simples quando simplesmente andar com seu personagem. A ferramenta é super legal, dá uma olhada aqui sobre post que fizemos detalhando o seu uso.

100% Remoto é melhor

Discordamos de outras empresas que defendem que a produtividade em modelos remotos é diminuída. Essa não é nossa experiência. O trabalho remoto trouxe para a Vinta pessoas de todas as partes do Brasil, ampliou nossa equipe de consultores e trouxe mais expertise e conhecimento à empresa.

Cultura organizacional é produto de vários fatores, e para sua construção, é indispensável que as lideranças da empresa assumam a responsabilidade de conduzi-la. Isso pede por transparência de objetivos estratégicos, comunicação clara, empática e compromisso com a habilitação de pessoas.

O modelo 100% remoto e assíncrono primeiro que praticamos democratiza o conhecimento, oportuniza a colaboração em grupo, favorece foco profundo e habilita pessoas. O forte senso de corresponsabilidade e distribuição clara de atividades ajuda a manter o foco das pessoas e a entregar um produto digital de qualidade ímpar.

Manter essa estrutura não é simples e exige cuidado e atenção constante. Seguimos aprendendo e aperfeiçoando nossas práticas e produtos, crescendo nosso time, investindo em sua qualidade de vida e obtendo feedbacks maravilhosos. Enquanto o receio de outras empresas é que as atividades de casa não impactem no trabalho, nossa preocupação é continuarmos assegurando que o trabalho oportunize uma rotina de casa ainda melhor.

Sabemos isso porque pesquisamos internamente, e frequentemente. É indispensável que se mantenha um diálogo aberto e franco com todas as pessoas da empresa, para que intenções sejam comunicadas e melhorias implementadas rapidamente.

O que permitiu que a transição para o modelo remoto acontecesse mais rapidamente e eficientemente é que soubemos sempre que produtos são feitos por pessoas e elas são o principal fator de sucesso de uma organização.